Mensagens

Freedom

Imagem
O lugar onde fui feliz Não paro de pensar na morte, é como se os meus olhos caíssem para as noticias mais macabras. Lia sobre a mulher do Siza, morta com problemas de coração, mas também uma depressão profunda. Como se cura essa coisa que nos vai dentro, como curo, isto que tenho dentro de mim, que diz "faças o que fizeres nunca ficarás bem, nunca te darão mérito" Questionava-se a filha ,porquê tanto sofrimento se o marido amava tanto?" É porque o sofrimento advém da falta de amor que temos a nós próprios. Sonhamos a vida e depois perdermo-nos nos meandros dela, com isso o nosso eu, aquele que deveria existir deixa de estar presente. Morresse primeiro por dentro. Que vida é esta que ansiava ter e que me escapou, que caminho é este que anseio e não consigo trilhar? Pasma-se em letras? Em linhas? Ainda que fosse rica, ainda assim seria infeliz. A única diferença seria ter muito ruído para abafar este enorme silêncio que mora cá dentro. Questiono-me se me tornei assim,

°

Imagem
Cambio de tiempo. 1948. Remedios Varo Saber onde estamos, onde chegamos.   Não ter medo do sentimento que nos arrebata contra as paredes da caverna onde envelhecemos.   Ter dentro de nós a ousadia de caminhar sozinho, respirar sozinho, ser.   Saber que ainda que doa, ainda que destrua, ainda que... O nada sempre vai ser nada, o que terá que ser será e aquele que não veio, aquele que não atirou o primeiro jesto, ou segundo, ou todos os outros que deviam vir, não é o caminho.

O ser que há em mim

Imagem
The Zodiac Man, Persian artist  Podes chorar até que as forças caiam, podes sofrer até que a angústia te consuma no vazio. Depois disso?  Depois? Depois irás ver a luz, irás sentir-te calma e talvez um pouco feliz. A tempestade irá passar! Estas eram as palavras que me repetia no dia em que me deixou, nesse e em todos os dias que se seguiram. Esperei que essa luz volta-se, ansiei por dias mais brandos e amenos. A angústia passou, a tristeza que existia dentro do meu coração foi amenizando até encontrar um porto sereno onde se abrigar.  A vida, a vida como a conhecia continuava.  Só agora a casa para onde nos tínhamos mudado ganhava forma, só agora o sufoco pelo qual passamos durante tantos anos se balançava com advir mais aberto.  Foi nestes dias, depois de tantos de sombra que ela partiu.  Deixou-me depois, depois de aguentar comigo todas as tempestades, de fazermos de pouco muito.  Rimos do que tínhamos e do que faltava. Cada dia foi uma vitoria, cada madrugada um desafio que ambas e

A vida vivível

Imagem
Angel Prelude, Mikalojus Konstantinas Ciurlionis, 1909 As coisas não acontecem só aos outros. Também te acontecem a ti.  Como estar no exterior de umas urgências, sentada num banco de pedra a arder em febre e com um martelo pneumático a rebentar-te os tímpanos. Quem dera que este último fosse só uma força de expressão. Estava lá mesmo um martelo pneumático a rebentar-me os tímpanos. E uma mulher a curvar-se de dor ao meu lado cuja máquina mais tarde emitiu berros entorpecedores quando ela entrou em paragem cardíaca. A vida está por um fio e as vezes vemos o outro lado, apenas e simplesmente porque fazemos parte daquele miserável 1%, aqueles azarados que se fosse o contrário poderiam muito bem ser o 1% mais rico do mundo… uma vacina foi quanto bastou para me deixar a delirar de febre, aquela que põe os termómetros a mostrar luzes vermelhas.  Perigo, perigo!!  Zona de perigo, imagem de macacos voadores, igrejas alagadas, pés descalços, um dia de sol quente…  O cérebro guarda informação i

Dois dias e cinco miragens

Imagem
Nebula,  © Atelier L'Agnès   Tardava-me existir, sentir sobre o rosto a verdade absoluta de quem sou.   Quando acordei, não era eu quem caminhava, não era eu na ponta dos pés que pisava o chão molhado. Foi assim, sempre assim que me curvei sobre mim mesma, na ânsia de sentir, febre de acreditar que o amanhã seria ainda desenhado na linha que me travessa a mão. Verde de esperança, quando os segundos batem, as manhãs nascem e a vida, parece um charco estagnado em que já nem sapos se encontram.  Virá, virá ainda aquele tempo, virá ainda aquele dia...  Todo este tempo rotativo num constante pensamento do que será ainda. Se nunca acontecer?   Se nunca for? Se nunca se der?   Que será então do tempo em que vivo agora, abrasando imagens de um dia mais pleno? O futuro chega, ou sempre esteve aqui sobre a promessa de sonhos?